Soft Skills para educadores

Segundo uma pesquisa recente da IBM, mais de 120 milhões de trabalhadores em todo o mundo terão que participar de programas de reciclagem nos próximos três anos em consequência do impacto da inteligência artificial sobre os empregos. E o treinamento necessário, atualmente, é mais longo do que costumava ser: os funcionários precisam de 36 dias de treinamento para dominar uma habilidade em comparação a três dias em 2014, de acordo com os resultados dessa pesquisa. Isso porque algumas habilidades, como as de natureza comportamental (as soft skills) ou altamente técnicas, levam mais tempo para serem desenvolvidas.

E como fica a formação ou o desenvolvimento do educador diante desse cenário?

O relatório O Futuro do Trabalho, do Fórum Econômico Mundial, aponta as 10 competências que serão mais requisitadas, até 2022:

  1. Inovação
  2. Aprendizado ativo e estratégias de aprendizado
  3. Criatividade, originalidade e iniciativa
  4. Tecnologia, design de programação
  5. Pensamento crítico e analítico
  6. Resolução de problemas complexos
  7. Liderança e influência social
  8. Inteligência emocional
  9. Racionalidade
  10. Análise de sistemas

Olhando só para essa lista, ouso destacar as que estão mais diretamente relacionadas ao papel do professor do século 21: ele precisa ser mais humano, colocar-se no lugar do aprendiz e entender suas necessidades. E para isso precisa desenvolver inteligência emocional e, acrescento, empatia. Com todo esse aparato tecnológico, o processo de ensino-aprendizagem ficou mecânico, frio, sem vida e sem se importar com o tempo e o desejo do outro. É como se professor e aprendiz fossem “avatares” passando por “fases”. E aqui volto a repetir uma frase que escutei outro recentemente: “a tecnologia não pode substituir o amor“.

Não obstante, a tecnologia deve ser usada como aliada, com equilíbrio e o professor precisa desenvolver essa habilidade e parar de criar resistência a ela. Isso acaba desenvolvendo outra competência, que é a de promover estratégias de aprendizado mais ativo e interessante para o aluno. Ficar atento às novas tendências (e isso envolve formação contínua, aprendizado ao longo da vida – lifelong learning –, afinal, o professor nunca para de aprender) permite desenvolver a criatividade, originalidade e iniciativa, comportamentos, esses, que promovem a inovação.

Não citar as demais competências não significa que o professor não precisa desenvolvê-las e, muito menos, ficar restrito às 10 mais requisitadas. Trabalhar em equipe, comunicação e tomada de decisão, por exemplo, são habilidades essenciais para o educador no contexto atual.

O desafio maior, talvez, esteja na motivação para desenvolver as soft skills: segundo a pesquisa Profissão Professor, da organização Todos pela Educação, 49% dos professores não recomendam a profissão para outra pessoa e 33% estão totalmente insatisfeitos com a carreira. Entre os principais motivos estão a desvalorização (48%), má remuneração (31%), rotina desgastante (15%) e falta de infraestrutura e recursos (13%).

Para a diretora executiva do Instituto Península, Heloisa Morel, a carreira precisa ficar no patamar das profissões mais valorizadas e isso se dá por meio de uma melhor formação dos educadores e maior envolvimento deles nas decisões de políticas públicas. Um relatório do Google for Education com a revista The Economist sobre a educação no Século 21 também aponta a mesma tendência: não apenas a qualidade de didática do professor é essencial, mas a autonomia em sala de aula e o amparo do ambiente escolar.

Já temos um caminho….


Por: Sandra Medeiros
Fonte: Carreira – Você S/A
Crédito da foto: Pixabay

 

1 comentário em “Soft Skills para educadores

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