Não é de hoje que a transformação digital vem afetando a vida das pessoas. Quem ainda não entendeu a dimensão disso, começou a sentir os impactos nos últimos dias, com a pandemia do COVID-19.
O home office deixou de ser apenas uma modalidade de trabalho para se tornar uma medida de segurança (além de uma tentativa de manter o negócio de pé). E aí entram as tecnologias permitindo que o trabalho em equipe, a colaboração, a tomada de decisão e até mesmo o atendimento aos clientes aconteçam da melhor forma possível.
As redes sociais estão mostrando seu potencial para prestação de serviços gratuitos e de utilidade pública: aumentaram os conteúdos que ajudam a lidar com o atual momento; a amenizar sentimentos de ansiedade e medo; a prestar esclarecimentos e orientar em como sermos mais digitais…
Ser digital vai muito além da tecnologia em si. Envolve uma reconfiguração mental, mais conhecido como mindset, para absorver e se adaptar a esses novos tempos. E isso não depende apenas de ferramentas de automação, mas de como estamos encarando e reagindo a esse contexto. E isso é um dos fatores que vai determinar a forma como vamos passar por esta crise.
Um dos mindsets é acreditar que as tecnologias são nossas aliadas e devem ser usadas para nos manter unidos, produtivos e… Vivos! É o momento de explorar ferramentas de interação, comunicação, colaboração e co-construir esse novo tempo e reinventar a forma como trabalhamos, produzimos, relacionamos, compramos, vendemos, aprendemos, fazemos negócios…
Toda essa crise vem para nos ensinar uma nova forma de viver num mundo que, daqui para frente, será cada vez mais colaborativo, tecnológico e mais humano. Sim, porque esse ciberespaço em que nos encontramos é um campo oportuno para infinitas possibilidades interativas, representa um novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de reconfiguração de identidades, para além de uma dimensão mais visível e pragmática, que é a organização e transação da informação e do conhecimento (GONTIJO, 2006).
Essa ágora virtual, como denomina Pierre Lévy (2007), proporciona a navegação e a orientação do conhecimento, a troca de saberes, a construção coletiva do sentido, a ressignificação da nossa existência, tornando-se uma nova forma de democracia direta em grande escala.
De uma hora para outra nos tornamos a geração “QuarAntenados”, termo que ouvi, outro dia, numa Live do Instagram e achei muito coerente. Quem procrastinou a mudança de mindset, que já vem sendo comentada há algum tempo, vai precisar dela agora para se manter. E, junto com ela, a capacidade de discernir entre o que é útil e verdadeiro em meio ao tsunami informacional. Precisamos desenvolver a habilidade de lidar com as “Fake News”, que nada mais são do que boatos ou fofocas em outros tempos.
Hoje, mais do que isolamento, necessitamos de conexão social. Vamos nos recolher à nossa individualidade para nos conectar com a coletividade, enquanto sujeitos cognitivos, abertos, capazes de iniciativa, de imaginação e de reação rápidas. Conectados, vamos aprender juntos, porque a questão, hoje, não é mais ser contra ou a favor, mas, sim, reconhecer as mudanças que estão acontecendo e formando um ambiente inédito, talvez até uma nova era…
Apenas dessa forma seremos capazes de usufruir e até desenvolver novas tecnologias dentro de uma perspectiva mais humanista.
Texto publicado originalmente no LinkedIn.
Referências:
GONTIJO, Cynthia R. B. et al. Ciberespaço: que território é esse? 2006.
LÉVY, Pierre. Inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 5. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2007
Perfeito e muito pertinente o conteúdo. Parabéns pelas referências.