A mudança (que tanto queremos) virá das empresas humanizadas

O 1º Fórum do Movimento de Empresas Humanizadas do Espírito Santo foi um sucesso: reuniu, no Centro de Convenções de Vitória, aproximadamente 300 líderes, gestores, formadores de opinião e empresários de diversas áreas. É certo que alguns foram para conhecer melhor esse termo e saíram de lá convencidos de que precisamos, urgentemente, promover uma mudança de paradigma na forma como fazemos negócios atualmente.

Pedro Paro, fundador da startup Trustin e doutorando da USP, abriu o Fórum apresentando o resultado de sua pesquisa que apontou as 22 empresas mais humanizadas do Brasil. O estudo é inédito no Brasil e foi divulgado recentemente em São Paulo, tendo grande repercussão nos meios de comunicação. Sua base teórica é o conceito de Capitalismo Consciente, que por sua vez é um movimento global que surgiu nos Estados Unidos a partir de um estudo acadêmico conduzido por Raj Sisodia, Jaf Shereth e David Wolf. O objetivo foi verificar como algumas empresas conseguiam manter alta reputação e fidelidade dos clientes sem ter investimentos exorbitantes em publicidade e marketing.

Os princípios do Capitalismo Consciente vêm se espalhando pelo mundo e, aos poucos, chega no Brasil. É o que eles chamam de chapters (ou núcleos). Há iniciativas de estruturação desses núcleos nas cidades de Fortaleza, Salvador, Recife, Manaus, Rio de Janeiro, São José do Rio Preto, e, claro, Vitória, com o apoio da Lince Psicologia e Gestão.

Crédito da foto: Vanessa Soares

E o que é uma empresa humanizada, afinal de contas? É aquela movida por paixão e um propósito evolutivo, não apenas por dinheiro. Elas geram impacto, valor compartilhado e prosperidade para todas as partes interessadas do negócio: clientes, investidores, funcionários, parceiros, comunidades e sociedade. Consequentemente, elas tornam o mundo melhor e o mundo também responde positivamente. E sobre isso, Paro fez uma afirmação desafiadora: “a mudança que queremos ver no país não vai vir do Governo, mas das empresas”. 

O que a Pesquisa Empresas Humanizadas do Brasil (EHBR) mostra é que “ao fazer negócios da maneira correta, sendo legitimamente autêntico e ético com todos os stakeholders, cuidando de todas as partes envolvidas e ajudando a curar os problemas do mundo, a sua empresa pode, naturalmente, ter um desempenho superior”. E são justamente essas organizações que sobrevivem em momentos de crise, como é o caso das 22 que foram identificadas no estudo: Albert Eistein – Hospital Israelita; Bancoob; Grupo Boticário; Braile Biomédica; Cacau Show; Cielo; Clearsale; Elo7; Fazenda da Toca Orgânicos; Johnson&Johnson; Jacto; Klabin; Malwee; Mercos; Multiplus; Natura; Raccoon; Reserva; Tetra Pak; Unidas; Unilever e Venturus.


A pesquisa – Foram mapeadas 1.115 empresas que, no período de 2013 a 2017, haviam se destacado nos principais rankings e certificações do país. Isso corresponde a pouco mais de 50% do PIB do Brasil. Foram avaliados 900 mil consumidores; 136 mil colaboradores e 152 indicadores. Mais de 2 mil stakeholders foram ouvidos na pesquisa. Tudo isso resultou em 65 horas de entrevistas, 12 horas de gravação e 1.400 páginas de estudo de caso. Um material tão vasto e rico que vai se tornar um livro, com previsão de lançamento em setembro deste ano, e, futuramente, um documentário, segundo informou Pedro Paro.

Para saber se a sua organização é uma forte candidata à Empresas Humanizadas do Brasil da 2ª edição da pesquisa, que vai acontecer em 2020, há um questionário preliminar disponibilizado no site: http://www.humanizadas.com/. Como parâmetro, é importante saber que as empresas comuns têm pontuação próxima a 16 pontos. Já as possíveis empresas humanizadas costumam ter pontuação acima de 32. Claro que não é só a pontuação que define. Há outros critérios que o estudo avalia, como resultados excepcionais (baseados em indicadores como satisfação dos colaboradores; dos clientes; taxa de resposta às reclamações dos clientes; qualidade de vida e bem-estar etc.); legitimidade; e práticas conscientes de acordo com estes quatro pilares: propósito maior, orientação para stakeholders, liderança e cultura consciente.

Vale destacar que a Pesquisa EHBR não é um ranking e nem uma certificação. Pedro Paro explica que a intenção é simplesmente criar uma comunidade de empresas que compartilham com o mundo práticas de negócio mais conscientes, humanizadas, inovadoras e sustentáveis. “Seu objetivo não é promover a competição entre as empresas, mas sim inspiração, colaboração e compartilhamento de boas práticas”. 

No site humanizadas.com você consegue fazer o download do relatório da pesquisa e conferir todos os resultados.


Comecei o texto falando da necessidade de promover uma mudança de paradigma na forma como fazemos negócios atualmente. Para isso, é importante (e talvez até principalmente) o envolvimento de instituições de ensino no sentido de introduzir, na grade curricular dos cursos, as bases teóricas desse novo paradigma:

Fonte: revisão bibliográfica do trabalho de doutorado de Pedro Paro.


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