No último dia 04 de dezembro tive a oportunidade de participar, em São Paulo, da 11ª Edição do UniCorp, um evento que reuniu profissionais e especialistas que atuam com Educação Corporativa no Brasil. Entre os palestrantes estava Armando Lourenzo, Diretor da Universidade Corporativa da EY (Ernst&Young), uma das dez maiores empresas de serviços profissionais do mundo. Ele disse uma frase que tenho repetido constantemente no meu dia a dia de trabalho: “as pessoas querem aprender”.
Vivemos numa época em que a informação e o conhecimento estão disponíveis na palma da mão. Pelo celular, qualquer pessoa tem acesso a algo que contribui para o seu aprendizado. Um dos desafios da Educação Corporativa está em apontar (aqui entra o papel da curadoria de conteúdo) o que é realmente relevante para o colaborador considerando a estratégia da organização e o contexto atual de economia compartilhada e digital que requer, a todo momento, novas competências (soft skills). “Como o mundo muda rapidamente, o desenvolvimento dos colaboradores não pode parar. É desafiador qualificar as pessoas para cenários que ainda nem se sabe como serão”, afirmou Lourenzo.
Cenários estes que já estão sendo impactados fortemente pela Inteligência Artificial. Rangel Torrezan, Diretor de Tecnologia e Inovação da Keeps Active Learning, apresentou dados de uma pesquisa realizada em 2017 pela Gartner: até 2020, a Inteligência Artificial deverá criar 2,3 milhões de novos empregos e eliminar 1,8 milhões de velhos empregos. “A tendência é ter cada vez mais trabalhos intelectuais e menos trabalhos operacionais”, destacou.
Para encarar o desafio, Lourenzo ressaltou a necessidade de um rebranding learning (mudança de percepção) na Educação Corporativa. De forma geral, essa mudança deve ocorrer da seguinte forma:
- Conectar a Educação Corporativa ao negócio. Ou seja, integrá-la com a Governança Corporativa, aproximando-se das áreas de negócios e patrocínio da liderança. Lourenzo sugeriu, por exemplo, a criação de um Comitê de Aprendizagem formado por lideranças que atuam em cada área.
- Aperfeiçoar as abordagens de aprendizagem com foco em indicadores estratégicos. Lourenzo orientou reduzir o foco na análise de indicadores operacionais de aprendizagem e dar prioridade aos KPI’s (Key Performance Indicator) que estejam conectados à estratégia da empresa.
- Comunicar intensamente com base em resultados concretos. E os KPI’s irão auxiliar nisso.
Sim, os colaboradores querem aprender. E como as empresas estão se posicionando diante disso?
Talvez esta seja a oportunidade de a Educação Corporativa se apresentar como uma área estratégica, de fato, e não apenas operacional.