Contribuição da Co11ectada Fernanda Furuno
No início deste ano, fui convidada a participar da semana acadêmica de algumas IES onde tive o privilégio de trocar ideias com muitos educadores sobre cultura e educação digital, desenvolvimento de hard e soft skills e um tema que aprendi nos meus cursos de Project Thinking e que acredito que devemos aplicar na educação: a empatia.
Você sabe a diferença de empatia e simpatia? Vamos iniciar com um vídeo abaixo.
Como podemos observar no vídeo, muitas vezes entramos no “piloto automático” e somos muito mais simpáticos que empáticos e isso se reflete em várias áreas da nossa vida. Na educação não é diferente.
Focando neste segmento, em meio à pandemia do novo coronavírus, estamos acompanhando muitas instituições de ensino se tornando “digitais” do dia para a noite, gerando uma grande insegurança tanto da gestão, quanto dos docentes, alunos e pais, que até alguns dias atrás, estavam habituados com metodologias 100% presenciais.
Notamos que aquelas organizações que já tinham aderido à cultura digital, ou já atuavam em EaD, enfrentaram um pico de trabalho grande, mas se estruturaram rapidamente. Estamos acompanhando, porém, aquelas que ainda estão se organizando para tal. Caso as ações emergenciais não forem estrategicamente implantadas, logo serão impactadas pela grande evasão e inadimplência.
Empatia e tecnologia
Na última edição do Fórum Econômico Mundial, em Davos, dois temas me chamaram atenção:
- Tecnologias Inclusivas: O CEO do Google e do Alphabet, Sundar Pichai, declarou como “as pessoas têm fome de tecnologia” e que as empresas têm o “dever de torná-la inclusiva”. “A tecnologia tem o poder de transformar a sociedade e o risco é deixar as pessoas para trás, criando novas desigualdades.”
- O trabalho vai mudar: Para Ginni Rometty, CEO da IBM, “as mudanças climáticas nos forçarão a mudar 100% dos empregos. Precisaremos de uma reconstrução maciça e uma mudança de paradigma em torno de novas habilidades e será necessário um novo modelo de educação, mas para fornecer essas novas habilidades”.
Notem: o evento ocorreu em janeiro. Ainda não se falava tanto do coronavírus, nem desta questão de isolamento social… Lembro-me que por fazer meus clippings diários sobre EaD via as iniciativas na China surgindo de fechamento das escolas e os alunos estudando online, cheguei naquela época a compartilhar no meu LinkedIn. Mas poucos deram importância.
Fato é que se focarmos na Educação, depois que esta pandemia passar, realmente o trabalho vai mudar e que estamos vivendo um momento que as pessoas precisam se preocupar com o uso das tecnologias sem excluir.
E aí que entra a estratégia da empatia.
Será que as instituições conhecem bem o perfil dos seus docentes e dos seus alunos? Será que já aplicaram ou estão aplicando o mapa da empatia, para saber se as soluções, as orientações e as determinações que estão tomando estão adequadas? Será que os gestores não estão tomando decisões centralizadoras, que podem impactar negativamente professores e alunos por desconhecerem a realidade deles?
“Temos que entender que, na educação, se a empatia estiver dentro da cultura da instituição menor será a evasão, grande problema encontrado pelas instituições do ensino superior (IES). Nunca vi a palavra empatia escrita na missão, valores ou política de uma instituição.
Não esqueçamos que cada escola (ou turma talvez) demandará um tipo de empatia diferenciada. Por exemplo, os alunos do ensino médio de uma escola pública, na periferia, pode demandar o desenvolvimento de uma empatia diferente de uma escola privada, onde talvez os alunos não trabalhem; tenham acesso a uma velocidade de internet superior; possam ter uma infraestrutura melhor para o desenvolvimento de suas atividades; um adequado ambiente familiar; tempo disponível para estudo, entre outras variáveis. Isso só tratando-se do ensino fundamental e médio e não direcionando “o olhar” para as IES.
Enfim, o contexto das várias tantas variáveis influenciará o trabalho de todo professor para que possa utilizar-se da empatia e alcançar o objetivo da educação: ‘Transformar os alunos em seres humanos dinâmicos, criativos, reflexivos, com autonomia suficiente para a tomada de decisão’”. – Co11ectada Maria Bethânia Batista
Será que esses gestores estão usando ou desenvolvendo as habilidades que o Fórum Econômico Mundial previu por meio do relatório “Future of Jobs” que os profissionais devem ter até 2022?
- Pensamento analítico e inovação
- Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem
- Criatividade, originalidade e iniciativa
- Projeto e programação de tecnologia
- Pensamento e análise críticos
- Solução de problemas complexos
- Liderança e influência social
- Inteligência emocional
- Raciocínio, resolução de problemas e ideação
- Análise e avaliação de sistemas
Este é um ótimo momento para colocar em prática este exercício. Para a gestão desta crise, é essencial que todas essas habilidades saiam do papel e sejam realmente colocadas em prática, não só em ações das instituições, mas também como exemplos para a formação dos alunos.
“Quantas habilidades teremos que desenvolver para dar conta das nossas demandas em tempo de crise (ou pandemia) e também para olhar para um cenário futuro mais complexo, conectado, tecnológico e globalista? É perceptível que ainda não estamos 100% preparados para lidar com a “virtualização da presencialidade”.
Neste contexto, em meio desse tsunami de informações, para atender a tantas demandas, como reuniões, planejamento, roteiro e preparação de aulas, considerando todas as obrigações acadêmicas, a empatia deveria ser a principal habilidade em nosso ofício docente. Enquanto educadores, devemos ter isto no DNA.” – Co11ectada Sara Luíze Duarte
Recomendo que tracem o mapa da empatia dos alunos e professores, considerando neste momento o “estudo remoto”:
- O que eles pensam e sentem?
- O que escutam?
- O que falam e fazem?
- O que veem?
- Quais são as dores deles?
- Quais são seus ganhos?
Para assim, traçar as melhores estratégias de “sobrevivência” neste período de isolamento social.
“Em tempos de isolamento social a empatia do professor perpassa – do sentimento de observar e saber do que o aluno está sentindo ou necessitando fisicamente – para um universo mais digital. O professor deixa de ser presença física para ser a virtual com a responsabilidade de saber incluir seus alunos nos diferentes contextos, pois cada um tem sua realidade de vida social e tecnológica. Neste sentido, é preciso compreender que a tecnologia é o meio – talvez o único, neste momento – para motivar o diálogo entre as partes envolvidas no processo educacional. É essencial que o professor – no que tange, principalmente a inclusão – consiga diversificar os recursos pedagógicos (ou andragógicos) em suas atividades remotas, fazendo com que o ensino e aprendizagem mediado pela tecnologia seja prazeroso e sem prejuízos ao objetivo final: ensinar e aprender com qualidade.” – Co11ectada Renata Costa
Alguns vão chegar à conclusão que as ações que estão sendo todas estão alinhadas como seu público, outros vão chegar à conclusão que elas devam ser adequadas. Mas esta análise vai auxiliar em estratégias mais assertivas e, mais do que isso, podem ser estratégias traçadas em conjunto com eles, que acabam por se tornarem mais efetivas.
Conhecendo a realidade e o sentimento daqueles que nos cercam, temos mais condições de ajudá-los. E este é um momento que precisamos muito dessa ajuda mútua, aproveitando a oportunidade de explorar contextos digitais e metodologias inovadoras. Ao final desta pandemia, que todos tenhamos a sensação de termos saído mais amadurecidos. Pois certamente não vamos mais olhar as formas de estudar e trabalhar da mesma forma.
Seguimos em frente! Com muita empatia, por favor!
Este artigo está publicado simultaneamente no blog EAD em Pauta e no portal Desafios da Educação.