Centenas de pessoas elegantemente vestidas levantando cartazes com nomes de países. Pequenos grupos mantendo conversações de paz paralelas. Anotações passando silenciosamente de uma pessoa para outra.
O que parecia uma concorrida reunião de diplomatas era, na verdade, uma sala virtual cheia de estudantes universitários e do ensino médio, oriundos de diferentes países. Trata-se do Modelo das Nações Unidas (MUN), que reúne um conjunto global de conferências onde estudantes elaboram resoluções para resolver questões internacionais.
Em 2020, o ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), iniciou o Desafio de Refugiados dentro do MUN. Desde então, mais de 40 mil estudantes em 70 países, incluindo o Brasil, pesquisaram, debateram e desenvolveram ideias para ajudar pessoas refugiadas. Para além das simulações, as ideias discutidas nestes ambientes virtuais foram apresentadas nos Diálogos de Proteção do Alto Comissário, um fórum que reúne tomadores de decisão globais para discutir a proteção de refugiados e refugiadas.
“Os alunos apresentam soluções surpreendentemente boas e inovadoras durante seus MUNs. Queríamos construir apoio aos refugiados e mostrar aos alunos que não apenas suas ideias importam para a ONU real, mas que elas têm potencial para serem implementadas”, explica Pauline Eluère, que lidera o envolvimento dos jovens no ACNUR.
Em 2021, o ACNUR desafiou os alunos a abordarem quatro tópicos: o impacto da COVID-19 sobre as pessoas refugiadas; os direitos das mulheres refugiadas; a inclusão social dos refugiados; e o uso da tecnologia para empoderar a população refugiada. Os alunos propuseram ideias e resoluções como passarelas rolantes que geram eletricidade, políticas que garantem igualdade salarial para trabalhadores refugiados, iniciativas para melhorar a saúde materna e muito mais.
Um comitê de pessoas refugiadas e funcionários do ACNUR julgou as inscrições. No início de abril, foram concedidos oito prêmios e oito menções honrosas para as melhores resoluções, além de prêmios de comunicação e impacto social.
As três equipes brasileiras premiadas foram:
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MENÇÃO HONROSA, Tópico 1 – COVID-19 e refugiados: G20+6MUN
Iniciada em um projeto universitário pelo brasileiro Matheus Marques, 20, estudante de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e pela italiana Giulia Marras, 25, mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Siena, a simulação G20+6MUN reúne uma equipe internacional de mais de 60 estudantes de pelo menos 25 nacionalidades, incluindo brasileiros, italianos, australianos, russos, chineses e nigerianos. Durante o Desafio de Refugiados, a resolução proposta pela equipe recebeu menção honrosa no tópico de discussão “COVID-19 e refugiados”. Eles recomendaram a construção de unidades de saúde nas fronteiras dos estados em conflito para divulgar informações sobre o novo coronavírus, distribuir panfletos sobre a prevenção à COVID-19 na língua nativa das pessoas refugiadas e equipamentos de proteção a estas pessoas.
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PRÊMIO DE COMUNICAÇÃO, Melhor Vídeo: Pelotas Model United Nations
Os organizadores do Pelotas Model United Nations, projeto dos estudantes do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, criaram um vídeo inspirador para mostrar aos seus delegados a importância da inclusão das pessoas refugiadas nas comunidades de acolhida. Ao final do Desafio de Refugiados, o esforço foi reconhecido com um dos prêmios de Comunicação. Confira o vídeo aqui.
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PRÊMIO DE COMUNICAÇÃO, Melhor Vídeo: FACAMP Model UN – FAMUN
Coordenados pelas professoras do curso de Relações Internacionais das Faculdades de Campinas Roberta Machado, Patrícia Rinaldi, Patrícia Borelli e Rúbia Pontes, os estudantes que integram o FACAMP Model United Nations – FAMUN publicaram nas redes sociais três entrevistas com refugiados que vivem na cidade e compartilharam suas experiências com o grupo. Com a sequência de vídeos, o FAMUN foi reconhecido com um dos prêmios de Comunicação (categoria melhor vídeo). Confira os vídeos aqui, aqui e aqui.