O futuro é agora

“A tecnologia nunca vai substituir o amor”.

Essa frase foi proferida por Raul Evangelista, gerente da IBM, durante o Alumni 3 – O futuro do trabalho: aprender, desaprender e reaprender, evento realizado em Vitória (ES), no último sábado, 30 de março, e promovido pela Wis Educação. Junto com ele, outros palestrantes falaram sobre os impactos da transformação digital no mercado e como as empresas estão (ou deveriam estar) se preparando para isso. Em resumo, o futuro do trabalho é mais humano! E paradoxalmente, isso já foi discurso no passado:

Todos nós queremos ajudar uns aos outros. O ser humano é assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo — não para seu sofrimento. (…) Neste mundo há lugar para todos. (…) Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de gentileza e bondade.

O discurso de Chaplin em O Grande Ditador, de 1940, já apontava as palavras-chave para o que, hoje, chamamos de futuro do trabalho: propósito, economia colaborativa, humanização, fazer o bem, conexão (relacionamentos).

É dessa aparente complexidade cronológica (somos um ser do passado, precisando viver no presente o que se espera do futuro…) que vem a necessidade de aprender a aprender e também de reconstruir significados (desaprender e reaprender) continuamente. Para isso, devemos compreender a aprendizagem como um projeto que não tem prazo de validade. É o que a ONU (Organização das Nações Unidas) denomina de lifelong learning, ou aprendizado ao longo da vida. Conrado Schlochauer, especialista em inovação de educação, define aprendizado como “colocar para fora o que está na sua cabeça fazendo algo melhor”. O ator desse processo é o próprio aprendiz. Nesse sentido, o conhecimento que se deve perseguir por toda a vida não se restringe aos cursos de graduação, pós-graduação ou atualização profissional. O lifelong learning nos estimula a assimilar conteúdos em diferentes formatos para que consigamos adquirir e praticar novas habilidades e competências. Parece simples, mas não é! Isso envolve romper com o velho modelo de ensino que começa na infância e tem seu ápice nos bancos universitários, que por sua vez não prepara profissionais para adquirir competências essenciais para o mercado do trabalho.

Isis de Aragão, Co-Fundadora da Novo Expediente, escola de gente grande que tem o propósito de gerar transformação e despertar a consciência para vida e trabalho com mais significado em empresas e instituições de ensino, ressaltou, em sua palestra, a importância da Teoria U, sistematizada por Otto Scharmer, no atual contexto. Segundo essa teoria, é preciso aprender a partir do futuro que emerge e isso se faz pela conexão profunda com o momento presente. Trabalhamos, hoje, baseados em pensamentos e paradigmas obsoletos, que sustentam nossos comportamentos, crenças e atitudes que não condizem com o futuro emergente. O desafio é abandonar noções e conceitos preconcebidos (em outras palavras, desaprender) e seguir para um lugar que estimule a criação de novas realidades. Como? Desenvolvendo nosso grau de consciência da humanidade (em outras palavras, reaprender). É esse grau de consciência que vai gerar o desconforto e a inquietação com o lugar onde estamos e, assim, dar início ao movimento por novas possibilidades.

Enfim, o que o Alumni 3 deixou claro é que William Ford Gibson, criador do termo ciberespaço, tinha razão:

O futuro já chegou. Só não está uniformemente distribuído.

 


Crédito da foto: https://pixabay.com

 

2 comentário em “O futuro é agora

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